Solução apresentada pelo governo para o IP3 não agrada a Vila Nova de Poiares
Vila Nova de Poiares assinalou os 44 anos do Dia da Liberdade com uma Sessão Solene que decorreu no Auditório do CCP [Centro Cultural de Poiares], na qual tiveram oportunidade de usar da palavra, para além do Presidente da Assembleia e da Câmara Municipal, os representantes das bancadas dos diferentes partidos com assento na Assembleia Municipal, conferindo à cerimónia a expressão maior dos valores conquistados pelos ‘Capitães de Abril’.
Para além das questões que afetam o Poder Local, o grande tema foi sem dúvida a recente decisão do Governo em deixar cair a construção de uma nova via para ligar Viseu a Coimbra, em perfil de autoestrada a sul do Mondego, e que iria beneficiar territórios esquecidos pelo sucessivos governos, no que concerne à construção de infraestruturas essenciais para o desenvolvimento sustentado de toda a região, em particular Vila Nova de Poiares, como afirmou o Presidente da Câmara Municipal, João Miguel Henriques.
O Autarca congratulou-se com o facto de finalmente se ter encontrado uma solução técnica e financeiramente viável para o IP3, e que, sobretudo, melhora as condições de segurança de todos os seus utentes. No entanto, não pode deixar de referir que face «às decisões que sistematicamente tem prejudicado o nosso Concelho e o território envolvente, há momentos em que é necessário dar um ‘grito de revolta’, reclamando um olhar mais preocupado e atento, e que seja capaz de conferir equidade e maior justiça na distribuição dos investimentos», referiu.
O anúncio do Governo relativo à solução para o IP3 veio «deixar tudo como estava no que diz respeito às acessibilidades ao nosso Concelho e aos concelhos vizinhos, frustrando as nossas esperanças e expetativas de ver finalmente resolvido um problema de tantos anos, e para o qual teima em não haver resposta», vincou João Miguel Henriques, numa clara alusão às expetativas que durante o processo de negociação deste processo foram criadas e que agora, face à decisão tomada, são novamente vetadas ao esquecimento.
O Presidente da Câmara Municipal de Vila Nova de Poiares aproveitou para destacar «a união conseguida entre autarcas, associações empresariais e sociedade civil, que juntos foram capazes de encontrar pontos de convergência que permitiram apresentar soluções exequíveis que trariam resposta às grandes dificuldades estruturais do território. Ora, este é o momento, mais do que nunca, para politica e civicamente, nos unirmos em torno desta causa para tentar fazer face a este problema comum e estruturante para a região, dizendo basta de injustiça, basta de nos votarem ao esquecimento», afirmou.
João Miguel Henriques adiantou que «continuaremos a lutar com todo o nosso empenho por uma solução, pois os Poiarenses, os nossos empresários e investidores, e toda uma região merecem o respeito e a atenção dos decisores políticos nacionais», concretizou.
Juventude, Liberdade e Cidadania Ativa
Paralelamente às acessibilidades, outro dos temas em destaque foi a voz que hoje os jovens têm em Vila Nova de Poiares, ao assumirem um papel ativo na definição das opções e estratégias políticas, ideia defendida por André Lima, o deputado do Partido Socialista, e o mais jovem da Assembleia Municipal. «Temos assistido a uma tendência de mudança, paradigma de que é exemplo a bancada que aqui represento, que de há uns anos a esta parte conta nos seus quadros com cada vez mais jovens», referiu.
Afirmando que «não podemos permitir que, nos dias de hoje, os jovens vivam vítimas de uma escravatura dos tempos modernos, com um salário precário, e que não lhes permita encarar o futuro com a esperança e segurança devidas», o deputado do PS sublinha que «sim, este é o nosso país, o país dos jovens, mas não podemos considerar normal aquilo que não o é. A exemplo dos ‘Capitães de Abril’, temos de continuar a lutar por melhores condições socioeconómicas, não aceitando uma sociedade desigual para a nossa geração», concluiu.
Já Luís Filipe Santos, eleito pelo CDS/PP, numa alusão aos valores da Liberdade, citou «o maior pedagogo e homem das letras do Concelho de Vila Nova de Poiares, o Dr. Antonino Henriques que afirmava assim: “o povo fala, fala, ele fala e tem razão. Quem não quer que o povo fale, não lhe dê ocasião”».
O Deputado do CDS/PP afirmou ainda a total disponibilidade da sua bancada no sentido de contribuir para o desenvolvimento do Município: «podem contar connosco», afirmou, terminando que «esta é a nossa forma de debater Poiares e interpretar Abril.»
Em representação da bancada do Partido Social Democrata, a deputada Manuela Grazina destacou a Liberdade como tema central da sua intervenção, afirmando que «o que nos torna realmente livres é o conhecimento, pois permite-nos avaliar, distinguir a verdade da mentira, a não irmos por ali só porque nos empurram».
Questionando se seremos mesmo livres, a deputada do PSD referiu que «não temos, ainda, um país livre para viver», enquanto «o poder financeiro e económico subjugar e se subpuser ao poder político, com consequências muito nefastas na formação, cultura e na informação às pessoas».
Já o Presidente da Assembleia Municipal, Nuno Lima Fernandes, aproveitou para fazer uma retrospetiva histórica do 25 de abril, evento que classificou como «o evento mais marcante da história de Portugal». Este foi o ponto de partida para uma alusão às conquistas daí resultantes para as populações, nomeadamente da atuação do Poder Local.
Destacando o papel das Assembleias Municipais, Nuno Lima Fernandes afirmou que estes órgãos irão assumir um papel mais ativo na vida das populações, fruto da competência fiscalizadora do órgão em si, da já anunciada descentralização e transferência de competências para as Câmaras, o que decerto irá «continuar a contribuir para a crescente dinâmica cultural, desportiva, social e económica de Vila Nova de Poiares, e dotando os seus serviços de maior qualidade, eficiência e eficácia», concluiu.