Presidente diz que oposição também tem responsabilidade no ‘enorme’ passivo municipal
A situação financeira do Município de Vila Nova de Poiares foi um dos pontos principais da reunião do último Executivo Municipal, com o Presidente da Câmara Municipal a manifestar-se extremamente preocupado com os valores que foi conseguindo apurar ao longo deste primeiro mês em funções.
O Presidente da Câmara Municipal, João Henriques, informou que o valor do passivo do Município «apurado até ao momento ronda os 27,5 milhões de euros, aos quais acrescem dois milhões de euros de dívida à Águas do Mondego, num processo que está em contencioso. Ainda estamos a apurar todas as dívidas, mas o valor real do passivo vai seguramente ultrapassar os 30 milhões de euros», resultados que «não sendo surpreendentes, são muito preocupantes».
Contrapondo uma receita prevista para 2014 que não chega aos seis milhões de euros (5,9 milhões) e despesas fixas com empréstimos bancários e despesas com pessoal no valor de 4,3 milhões de euros, revelou que vai ser «muito difícil equilibrar as contas do Município. Já conseguimos recuperar 46 mil euros na dívida a fornecedores, 56 mil euros na dívida a instituições de crédito, mas ainda é muito pouco. Milagres não sabemos fazer e também não somos contorcionistas», afirmou, questionando «como foi possível chegar a este estado de coisas?»
Revelou ainda que existem em cursos alguns projetos de investimento «que não são prioritários e que estamos a suspender, nomeadamente expropriações para aquisições de terrenos e construções», realçando que, apesar de serem «uma ‘gota no oceano da imensa dívida do Município’, recusamo-nos a ‘continuar a cavar o buraco que nos deixaram aberto’».
O mesmo responsável aludiu ainda às constantes queixas que tem recebido, de várias empresas e muitas delas familiares - que reclamam dívidas do Município, manifestando por isso «grande preocupação em termos dos efeitos sociais que podem surgir, porque apesar das reclamações serem justas e de querermos cumprir as nossas obrigações, não sabemos como vamos conseguir fazê-lo».
Exigindo respostas aos vereadores da oposição, o Presidente lembrou que «há na oposição quem tenha tido responsabilidades nos mandatos anteriores, pelo que também têm responsabilidades nestes números, pelo que devem reconhecer os erros de gestão e, acima de tudo, devem um pedido de desculpas aos Poiarenses».
A oposição rejeitou os números apresentados, dizendo-se apenas conhecedora de um passivo de cerca de 17 milhões de euros, que constam dos documentos que foram presentes à Assembleia Municipal, órgão no qual um dos vereadores da oposição teve assento em mandatos anteriores. «Rejeitamos responsabilidades directas, lembrando que o órgão Assembleia Municipal não tem funções executivas nem de gestão», afirmaram, sublinhando que «apenas conhecemos os documentos que foram presentes à Assembleia Municipal».